Habitada pelos índios Cataguases, o Sul de Minas foi a porta de entrada para os bandeirantes na desesperada busca pelos metais preciosos. Mas, como essa região não oferecia nenhum atrativo para esses aventureiros, por não possuírem minas de ouro ou de pedras preciosas, permaneceu por um longo tempo sem a iniciativa de povoamento.
Quando o período da mineração chegou ao final, a Capitania das Minas Gerais teve que partir para novas alternativas econômicas. Como era muito grande, com ótimo clima, solo e água abundantes, não foi difícil buscar novas alternativas. A que se delineou, logo no princípio, foi a criação de gado. A região, até então desprezada, tornou-se extremamente atrativa quando áreas de pastoreio passaram a ser valorizadas.
O Sul de Minas sempre teve problemas de limites com São Paulo, inclusive, existia um interessante sistema de demarcação conhecido por “tranqueira”, que consistia em marcar os limites de terras com troncos de árvores cortadas. Só no século 20, em 1937, é que os limites foram finalmente estabelecidos.
A descoberta do valor das águas da região aconteceu em finais do século 18. João de Almeida Fonseca, comandante do distrito de Sapucaí, comunicou ao governador da Capitania, D. Luiz Cunha Menezes, a existência de “um olho de água Caldas legítima, tão quente que não se pode aturar a mão dentro dela.” O governador manda um ofício a Portugal, comunicando sobre o achado. Escrevia: “ ...de águas tão virtuosas e úteis, que tem curado feridas gálicas, e gálico..”. É interessante saber que a palavra “caldas”, no século 18, significava: fonte, nascente de água mineral ou estação de águas termais. Em Portugal, existia a célebre Caldas da Rainha.
A fama das águas começa a correr e, em 1814, D. Manuel Francisco de Portugal e Castro, governador da Capitania de Minas Gerais e sobrinho do Conde de Aguiar, acompanhado por uma comitiva visitou o local. No retorno, escreve a D. João VI: “ volto inteiramente bom, lá deixei todos os meus males, em Caldas, semelhante às Caldas da Rainha”.
Os primeiros estudos científicos das águas locais foram feitos pelo Dr. Manuel da Silva Rodrigues, que publicou, em 1833, o trabalho “Memórias sobre as águas hidro-sulfuradas quentes ou não, usos médicos externos ou internos”.
Em 1870, o Presidente da Província, Joaquim Floriano de Godoy, declarou de utilidade pública os terrenos junto aos poços sulfurosos. O sesmeiro da terra, Joaquim Bernardes da Costa Junqueira, e herdeiros doaram 96 hectares de terra para “a fundação de uma grande cidade, com logradouros públicos” . Era o ano de 1872, considerado, então, o ano da fundação da cidade, já que não existia um povoado no local, mas apenas casas muito rústicas para uso dos banhistas.
Em 1874, o arraial foi elevado a distrito com denominação de Nossa Senhora da Saúde das Águas de Caldas. D.Pedro II e a Imperatriz, D.Teresa Cristina, visitaram a localidade por ocasião da inauguração da estrada de Ferro Mogiana, em 1886. O distrito ainda era pequeno, contando com cerca de cem casas. A maioria dos moradores era constituída de pessoas que procuraram o local em busca de cura e acabaram por residir no lugar. O primeiro estabelecimento balneário foi construído em 1888 e, um ano depois, o distrito foi elevado a município com o nome de Poços de Caldas.
A fama das águas continuou a crescer. No século 20, no ano de 1931, era inaugurado o Palace Casino e as Termas Antônio Carlos. Outros hotéis surgiram e as fontes de águas ganharam infra-estrutura. Assim, Poços de Caldas é uma das pioneiras do turismo em Minas Gerais.
O presidente Getulio Vargas era um dos freqüentadores da cidade nas décadas de 30 e 40.Tinha uma suíte no Palace Casino com decoração igual ao seu quarto no palácio do Catete.
O turismo em Poços sofreu um grande abalo na segunda metade da década de 40. Dois motivos. Primeiro, o fechamento dos cassinos no Brasil, e segundo, a descoberta do antibiótico que colocou o termalismo em segundo plano.
Mais tarde o “ciclo da lua-de-mel” foi o responsável pelo reaquecimento do turismo. Nas últimas décadas, com o desenvolvimento do turismo de massa, e mais recentemente, com o crescimento dos fluxos de turismo da melhor idade, Poços de Caldas voltou a ter a atividade turística como uma das suas principais fontes de renda.
Hoje, a bonita estância hidromineral apresenta uma boa infra-estrutura turística e uma variedade de atrativos que a tornam uma das cidades mineiras que mais recebem turistas.
Uma peculiaridade de Poços de Caldas é que ela está situada sobre a cratera de um extinto vulcão. Daí, a explicação para as águas sulfurosas que chegam à superfície da Terra com uma temperatura de 45, 5 graus.
“Seu solo possui três características básicas: terras férteis para agricultura no norte, terras de campo onde estão localizadas as jazidas minerais no sul e, no centro da cidade, as águas medicinais.” (De bem com a vida - 2001) A região possui uma das maiores concentrações de bauxita e urânio do Brasil. Hoje, a bauxita é explorada e beneficiada pela Alcoa, que começou a atuar na cidade em 1970.
Além do principal atrativo - as águas - Poços de Caldas possui parques agradabilíssimos. São 70 milhões de metros quadrados de área verde, um teleférico, o Relógio Floral, o Recanto Japonês, a Casa de Cultura, o Mirante São Benedito, a Cascata das Antas, o Cristo Redentor e outros.
Oferecer aos visitantes uma cidade agradável e uma variada opção de lazer é o objetivo de Poços de Caldas.