1711 - 2011
Ouro Preto 300 anos
Enfim serás cantada Vila Rica
Teu nome impresso nas memórias
fica...
Cláudio Manuel da Costa
Prepare-se para conhecer um lugar fascinante.
Pessoas afluíam de todas as partes, do reino e da colônia. A região era extremamente rica. Povoados foram surgindo ao longo dos riachos, arraial da Boa Morte, arraial do Bom Sucesso, arraial de Antônio Dias e outros. Em 8 de julho de 1711, todos esses arraiais foram unificados na Vila Rica do Pilar do Ouro Preto. A fama da Vila ia crescendo. A cada dia mais pessoas iam chegando, casas e capelas iam surgindo. No ano 1721, passa a ser a capital da Capitania das Minas Gerais. Como uma das conseqüências da Sedição de Vila Rica, a capital é transferida da Vila do Ribeirão do Carmo (Mariana). Por 176 anos, passando pelas administrações, colonial, imperial e republicana, Ouro Preto foi a capital.
Primeiro, vem o impacto. Quem chega à antiga Vila Rica não consegue ficar alheio frente ao belo e homogêneo conjunto arquitetônico. Depois, começa a sedução. O caminhar por suas ruas vai criando um envolvimento e quando se percebe, já se está apaixonado por essa cidade que, por ter um acervo tão precioso, recebeu o título de Patrimônio da Humanidade.
Uma boa parte da história da mineração do ouro no século 18 na Capitania das Minas, o barroco e o rococó na decoração dos seus templos e as valiosas peças de seus acervos tornam Ouro Preto um museu a céu aberto, um templo da tradição e cultura mineira.
Sua história começa com a sede de um mulato que, ao ir beber água no ribeirão Tripuí, encontrou uns “granitos cor de aço”. Não sabendo do que se tratava, guardou-as. Chegando em São Paulo, vendeu-as para Miguel de Souza e as pedras acabaram por chegar às mãos do governador Artur de Sá Menezes. Descobre-se, então, que se tratava de ouro. O mineral de desejo da Coroa Portuguesa era, mais uma vez, encontrado nessa capitania, que se mostrava tão pródiga.
A época era de grande movimentação nas vilas paulistas, principalmente na de Taubaté, onde bandeiras se organizavam para a aventura no sertão, que acenava com ricas minas de ouro. Era a chance da fortuna fácil que brotava do seio da mãe terra. Era o que ansiava a bandeira de Antônio Dias, encontrar o Tripuí e seu ouro preto. Os granitos cor de aço eram, na realidade, pepitas de ouro encobertas com uma camada de paládio. A referência para encontrar o Tripuí era um curioso pico que os indígenas chamavam de ITA CORUMIM. No amanhecer do dia 24 de junho de 1698, dia de São João, Antonio Dias avistou o pico que passaria a ser conhecido por Itacolomi. Ali começava a história da Vila Rica do Pilar do Ouro Preto.
Após a independência, em 24 de fevereiro de 1823, ganhou o título de Imperial Cidade de Ouro Preto. Apesar da decadência da mineração, a cidade prosseguiu o seu curso. A Vila Rica já não mais existia, entrava-se na era Ouro Preto. Havia perdido sua base econômica, mas não o posto de capital administrativa da Província de Minas Gerais.
A partir daí, vários fatos marcaram a vida da cidade. Na área da educação, através de Lei Mineira de nº 140, era instalada ali, em 1839, a primeira escola de farmácia do Brasil, a funcionar independente das faculdades de medicina. O Liceu Mineiro foi criado em 1854; o Ginásio Mineiro, em 1892; e o Lyceu de Artes e Oficios, em 1897. Mas, a grande ação nessa área foi a criação da Escola de Minas, em 12 de outubro de 1876, pelo Decreto Imperial nº 6026.
Na cultura, tem-se a circulação do jornal Abelha do Itacolomi, primeiro jornal Ouropretano, aliás, o primeiro da Capitania, que começou a circular em 14 de janeiro de 1824. No ano seguinte, era a vez do Universal começar sua circulação. Em 1831, foi inaugurada a Biblioteca Pública. Dentro desse desejo de melhorar as atividades culturais, sociais e científicas da cidade, em 1825 foi inaugurado o Jardim Botânico.
O desenvolvimento, aos poucos, ia chegando à capital da província. Uma estação da Companhia das Linhas Telegráficas do Interior foi instalada em 1871 e a comunicação com a capital do Império passa a ser feita com certa rapidez. Uma novidade fabulosa começava a funcionar em julho de 1886 - a telefonia. Linhas telefônicas ligavam o palácio do governo às repartições públicas. No dia 23 de julho de 1889, D.Pedro II desembarcava com D. Teresa Cristina, a princesa Isabel e o príncipe D.Pedro Augusto na estação ferroviária de Ouro Preto. Era a inauguração oficial do tráfego ferroviário. Não era a primeira vez que o Imperador visitava a cidade, pois, em março de 1881, já havia feito uma visita oficial. Seu pai também esteve na cidade por duas vezes: a primeira, em 1822, ainda como príncipe regente, e a segunda, em 22 de fevereiro de 1831, acompanhado da imperatriz D.Amélia de Leuchtenberg.
Para aprimoramento de raças eqüestres, foi criada uma coudelaria, no ano de 1819, no distrito de Cachoeira do Campo, no prédio onde funcionou o antigo quartel dos Dragões do Rei. Outras atividades econômicas durante o século 19 na cidade foram a produção do chá, da amora e a criação do bicho da seda.
Exatamente um ano antes da Proclamação da República, 15 de novembro de 1888, era realizado em Ouro Preto o 1º Congresso do Partido Republicano Mineiro. Em 1889, José Cesário de Faria Alvim assumia, no velho palácio dos governadores, o cargo de primeiro governador de Minas do período republicano.
No dia 12 de dezembro de 1897, era inaugurada a nova capital do Estado, Belo Horizonte. Ouro Preto deixava de ser a capital.
A cidade foi visitada pelo grupo dos modernistas em 1924, que buscavam pelo interior do país as raízes de uma verdadeira cultura brasileira. Era o início da valorização da arte colonial mineira.
Cidade Monumento Nacional. Este título, um grande ganho para a cidade, lhe foi conferido pelo decreto nº 22.928, de 12 de julho de 1933. Eram as primeiras medidas concretas para a preservação de tão importante patrimônio.
A partir da década de 50, com o desenvolvimento do turismo, Ouro Preto passou a receber cada vez mais visitantes. Restaurações começaram a ser feitas, museus foram organizados, o comércio foi se desenvolvendo, restaurantes foram abertos, festivais culturais foram preparados.
O merecido reconhecimento aconteceu em 1980, quando ganhou da UNESCO o título de Patrimônio da Humanidade, sendo, inclusive, a primeira cidade brasileira a receber esse título. Esse espetacular patrimônio é símbolo de história, arte, tradição e, com toda certeza, arrebata quem o visita. Para quem vem a Minas Gerais, Ouro Preto é, realmente, uma visita imperdível.