© Edison Vilela
Hidrografia de Minas Gerais
Minas Gerais é um estado muito rico em nascentes de água. As grandes bacias hidrográficas do país têm suas origens no território mineiro, como é o caso das bacias do São Francisco, do Paraná e a do Leste.
A bacia do rio São Francisco tem como principais componentes os rios São Francisco, das Velhas e Paracatu. O rio São Francisco, considerado como o rio da integração nacional, nasce na Serra da Canastra e desempenha papel fundamental na vida de milhões de brasileiros, percorrendo grande extensão do território mineiro, e partes dos Estados da Bahia, Pernambuco e Alagoas, onde deságua no oceano atlântico.
A bacia do rio Paraná banha parte do oeste, o Triângulo Mineiro e o Sul de Minas, e é composta das sub-bacias dos rios Paranaíba e Grande.
A bacia do Leste tem várias nascentes em Minas Gerais. Elas dão origem a bacias menores, cujos rios correm nas seguintes direções: para a Bahia, correm os rios São Francisco, Pardo, Jequitinhonha, Buranhém, Jucuruçu, Itanhém / Alcobaça, Mucuri e Peruípe; para o Espírito Santo, correm o Rio Itaúnas - quase na divisa com a Bahia - e os rios São Mateus, Doce e Itapemirim; também no sentido leste, separando o Espírito Santo do Rio de Janeiro, corre o rio Itabapoana; para o Rio de Janeiro, corre o Paraíba do Sul; e para São Paulo, o Rio Jaguari.
São essas inúmeras nascentes que conferem ao Estado o título de caixa d’água do Brasil. Esses recursos hídricos são amplamente utilizados pelas usinas hidrelétricas e represas, nos açudes e canais para irrigação, nas atividades de Turismo e lazer, etc.
No entanto, grande parte dos rios de Minas se encontra ameaçada pela exploração desordenada feita pelo homem, de maneira predatória e inconsequente, tanto em decorrência do desmatamento das áreas das nascentes e das matas de galeria, quanto do lançamento de lixo e esgoto, sobretudo aqueles produzidos nos centros urbanos e pelas grandes unidades industriais. O baixo nível de consciência da sociedade em relação à preservação ambiental também contribui para a degradação desses mananciais. Por outro lado, os turistas que deixam lixo de todo tipo nas trilhas, cachoeiras e praias fluviais, as pessoas que jogam lixo nas ruas, lotes vagos ou nas estradas através das janelas dos veículos e os responsáveis pelos lixões ignoram que as águas das chuvas, ao arrastarem esse material para os rios e lagoas, acabam comprometendo ainda mais os ecossistemas regionais.
Felizmente, apesar de toda essa degradação, diversas empresas e ongs de Minas vêm implementando inúmeros projetos com o objetivo de minimizar os impactos sobre a natureza das ações equivocadas produzidas pelo homem. São bons exemplos: o projeto Manuelzão, desenvolvido pela UFMG, que visa a revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas; os projetos da Usina Termoelétrica de Igarapé / piracema e da Represa do Peti, dentre outros desenvolvidos pela Cemig; e os projetos do Parque Estadual da Serra do Rola Moça, da Reserva Florestal do Mutuca e da Reserva Florestal do Rio Manso, implementados pela Copasa, estes últimos com proibições severas, tentando salvar o que restou.
Para se ter uma idéia, apresenta-se, a seguir, por região e numa abordagem mais genérica, a situação dos rios de Minas Gerais:
Os rios Grande, Paranaíba e Araguari percorrem o sul, o oeste e o Triângulo Mineiro, formando a bacia do Paraná. Além de serem aproveitados para várias usinas hidrelétricas, a fertilidade do solo em seus vales muito beneficia a atividade agropecuária.
Região Noroeste
A rede hidrográfica que banha a região noroeste de Minas é constituída de afluentes do rio São Francisco, como os rios Paracatu, Urucuia e Pardo, dentre outros que são aproveitados para o transporte fluvial, escoando produtos agrícolas regionais.
Região Norte
No norte do Estado, o rio São Francisco e seus afluentes banham uma região muito seca e pobre. Para piorar a situação, o processo de poluição das suas águas está em níveis alarmantes. Rejeitos de várias áreas urbanas são levados até o Velho Chico, principalmente através do rio das Velhas e do Paraopeba. Mas, já se percebe também nessa região a execução de alguns projetos agropecuários e industriais da Sudene como o cultivo da uva, de frutas tropicais - como a manga e a pinha – e a produção de cana-de-açúcar com seus respectivos alambiques. A Represa de Três Marias, além de produzir energia elétrica, tem proporcionado o desenvolvimento do Turismo em seu entorno, já que suas águas são um convite às atividades náuticas, à pesca e aos esportes aquáticos.
Região Centro-Oeste
Esta região do Estado também possui inúmeras nascentes. O destaque fica para a nascente do rio São Francisco, onde as comunidades regionais e ongs lutam para protegê-la e para amenizar o grau de poluição das águas ao longo do rio. Em Formiga, por exemplo, o Projeto da Codema coordena junto aos presidiários um viveiro de mudas de plantas típicas da região. Lagoa da Prata, por sua vez, desenvolveu um importante projeto para resgatar o ecossistema local. O município foi submetido a um amplo reflorestamento para recompor o desgaste do solo e dos mananciais. Milhares de mudas nativas foram replantadas ali, culminando numa das maiores concentrações de árvores replantadas em um mesmo município.
Região Nordeste
O clima quente e seco do nordeste mineiro, o desmatamento em larga escala e as dragas de garimpos vêm comprometendo o volume de água do histórico rio Jequitinhonha, tanto que seus afluentes chegam a secar nos períodos de estiagem, fazendo desta região uma das mais castigadas e miseráveis do país.
Região Leste
A bacia do Mucuri e a bacia do rio Doce, com suas várzeas úmidas, férteis e de tamanhos significativos, por banharem áreas industriais, também estão afetadas pela poluição e pelo assoreamento. Em decorrência, as comunidades de muitos dos municípios ribeirinhos acabam sendo vítimas das freqüentes inundações. Destaca-se, ainda, aqui, a pequena bacia do rio Piracicaba, que deságua no rio Doce.
Região Sudeste
Nesta região de Minas, onde a agropecuária é bastante desenvolvida, os rios Piranga e Manhuaçu – afluentes do rio Doce – e os rios Paraibuna, Pomba e Muriaé – afluentes do rio Paraíba do Sul – também passam pelos mesmos problemas do leste.
Região Sul
Os rios Grande e Sapucaí correm em uma região agroindustrial de planalto ondulado, que faz parte da serra da Mantiqueira. É a região de Minas que concentra o maior número de circuitos turísticos, a maioria deles voltada para o Ecoturismo e o Turismo Rural. Mas, as chuvas e enchentes também afetam muito as cidades e estradas e comprometem o desenvolvimento do Turismo.
Região Centro-Sul
Nesta região, os rios são de menor porte, afinal, grande parte das nascentes está nas áreas mais montanhosas como o maciço do Espinhaço, as serras da Moeda, do Cipó e do Caraça. Chamam a atenção, dentre outras, a bacia do rio das Velhas e a do Paraopeba. Grande parte de seus percursos está em áreas industriais e de intensa atividade mineradora. Em conseqüência, as águas estão comprometidas para o abastecimento das áreas urbanas.
Enfim, mesmo com uma natureza tão generosa, o assoreamento, os lixões, a poluição, a falta de consciência da própria população e o descaso do poder público são fatores que interferem muito negativamente na preservação desse imenso potencial hídrico de Minas Gerais.