Cronologia
Nasceu: 3 de dezembro de 1759.
Faleceu: 24 de maio de 1819, em São Gonçalo do Sapucaí/MG
Filiação: José da Silveira e Souza e Maria Josefa Bueno da Cunha
Natural de São João del-Rei/MG
Trajetória de vida
Bárbara Heliodora, filha de um advogado influente em São João del-Rei, teve uma educação bem diferente das moças de seu tempo. Era alfabetizada e, muito jovem ainda, foi morar com o futuro inconfidente, o ouvidor da Vila de São João del-Rei, José Ignácio de Alvarenga Peixoto. O casamento só foi oficializado depois do nascimento da primeira filha. Desse casamento nasceram quatro filhos: Maria Efigênia, José Eleutério, João Damasceno e Tristão.
Em 1789, a família ficou extremamente abalada com a prisão de Alvarenga Peixoto. Em 1792, o inconfidente foi deportado para Angola, onde faleceu meses depois. No sequestro dos bens dos inconfidentes, Bárbara teve garantida a “meação conjugal” e seu compadre, o poderoso contratador João Rodrigues de Macedo, comprou bens da família que foram levados à leilão e os devolveu. Ela, então, assumiu os negócios, administrando fazendas, lavras e escravos. Sua filha, Maria Efigênia, chamada pelo pai como princesa do Brasil, faleceu aos 15 anos em decorrência de uma queda de cavalo. Esse fato deixou Bárbara psicologicamente abalada para o resto da vida.
“Alguns autores acrescentam à biografia de Bárbara Heliodora o fato de ter sido ela também poetisa, mas os trabalhos literários estão perdidos para sempre, exceto alguns documentos de interesse familiar, reduzidos a dois ou três papeis, e o poema As Sextilhas, intitulado Conselhos a Meus Filhos, cuja autoria atribui-se, sem dúvida, a Bárbara. Porém, em relação ao soneto Amada filha, é já chegado o dia (...) existe em relação a este uma discussão se a autoria seria de Alvarenga Peixoto ou de sua esposa. “ ( Secretaria Municipal de Cultura Turismo,Esporte,Lazer e Meio Ambiente – S.J.D.R) .
Fragmentos de um poema
Conselhos a meus filhos
Meninos, eu vou ditar
As regras do bem viver;
Não basta somente ler,
É preciso ponderar,
Que a lição não faz saber,
Quem faz sábios é o pensar.
Neste tormentoso mar
D’ondas de contradições,
Ninguém soletre feições,
Que sempre há de enganar;
Das caras a corações
Há muitas léguas que andar.
Aplicai ao conversar
Todos os cinco sentidos,
Que as paredes têm ouvidos
E também podem falar:
Há bichinhos escondidos,
Que só vivem de escutar.
Quem quer males evitar
Evite-lhe a ocasião
Que os males por si virão,
Sem ninguém os procurar,
E antes que ronque o trovão,
Manda a prudência ferrar.
Não vos deveis enganar
Por amigos, nem amigas,
Rapazes e raparigas
Não sabem mais que asnear;
As conversas e as intrigas
Servem de precipitar.
Sempre vos deixeis guiar
Pelos antigos conselhos,
Que dizem que os ratos velhos
Não há modo de os caçar;
Não batam ferros vermelhos,
Deixem um pouco esfriar.
Bárbara Heliodora